DEPOIMENTO DE MÃE
A minha história
começa como muitas outras que vemos por aí...
Em um belo dia, peguei-me a observar meu filho com mais
atenção e percebi que ele estava com um comportamento
um tanto quanto estranho. Ficava parado, com o olhar fixo
em algum ponto, repetia palavras baixinho, para que ninguém
pudesse ouvir... fazia dessas atitudes, rituais repetitivos.
Como toda mãe, fiquei em pânico! Meu filho
está ficando maluco! Essa é a primeira
idéia que vem em nossa mente. Quem procurar? O que
fazer? Até que alguém sugeriu a idéia
de procurar um psiquiatra. Aí começa o preconceito...
A resistência à
procura é grande, mas o desespero é maior...
Com a graça de Deus, fui encaminhada a um profissional
que acertou o diagnóstico “de primeira”:
Transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Ele explicou sobre
a patologia, como tratar e lidar com ela, e aí começamos
a pesquisar mais sobre TOC.
Os primeiros anos de tratamento
foram bem complicados, pois meu filho estava em um estágio
de TOC bastante comprometedor. Nós, familiares, sofremos
muito vendo nossos entes queridos sofrerem, muitas das vezes,
não entendemos como ajudar... Quando o médico
do meu filho precisou se ausentar, para uma viagem ao exterior,
ele indicou que eu procurasse o atendimento de um serviço
público do Rio de Janeiro, para que meu filho não
sofresse descontinuidade em seu tratamento. Fomos lá
e ele começou novo tratamento com os profissionais
do setor de psiquiatria e psicologia.
Foi lá que conheci
um grupo de pessoas que se reuniam, uma vez por mês,
para falar sobre TOC, trocar experiências e obter
informações. O grupo era pequeno, mas era
a tábua de salvação que eu estava procurando...
Tínhamos o apoio dos profissionais do IPUB (Instituto
de Psiquiatria da UFRJ) e do Instituto de Psicologia Aplicada
(também da UFRJ).
O espaço é
oferecido pela UFRJ, em Botafogo, onde desde então
passamos a realizar nossas reuniões. Como todo trabalho
voluntário, tudo é feito com muito sacrifício
e dedicação de profissionais e pessoas abnegadas,
que têm o intuito de trazer um pouco de alívio
e informação àqueles que nos procuram.
No dia 30 de outubro de
2004, a RioSTOC foi oficialmente criada
como uma associação de fato (www.riostoc.org.br).
Não possuímos sede, mas o fato de podermos
contribuir para o bem-estar e o conhecimento das pessoas
sobre o TOC e a Síndrome de Tourette tem nos gratificado
muito.
Hoje, meu filho está
completamente assintomático, vivendo sem os transtornos
que o incomodavam. Se ele continua com os medicamentos?
Sim, mas o que é isso dentro do sorriso de felicidade
que ele tem?
Aprendi muito com ele e
com os membros do grupo e creio que o melhor remédio
é a informação...
Elizabeth Montassier
Diretora Executiva da RioSTOC
(mãe de paciente de TOC) As reuniões da
RioSTOC são realizadas sempre no último sábado
de cada mês, às 14 horas, no IPUB, av. Venceslau
Brás, 71 fundos, em Botafogo. |